Sob argumento de que havia riscos potenciais aos voluntários, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, explicou a suspensão das pesquisas para desenvolver no Brasil uma das mais promissoras vacinas contra a Covid-19. Na segunda-feira, os testes com a CoronaVac, produzida pela chinesa SinoVac, em parceria com o Instituto Butantan, foram interrompidos, após o Butantan comunicar a morte de um voluntário. O presidente do instituto, Dimas Covas, garantiu que esse o evento adverso grave não teve nenhuma relação com a vacina. Mesmo assim, Anvisa, alegando precaução, manteve as pesquisas suspensas.Porém, ao longo da terça-feira, uma série de eventos levantou dúvidas sobre o posicionamento da agência. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa informou que não há razão para suspender os trabalhos. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, deu 48 horas para a Anvisa detalhar porque tomou essa decisão. E, à noite, o comitê científico que subsidia o trabalho na agência também recomendou a retomada das pesquisas. Tudo isso em meio à guerra travada entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria, a quem o Butantan está subordinado. No Ao Ponto desta quarta-feira, a epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2019, analisa a postura de Anvisa e Butantan e avalia se a agência teria outra alternativa. Ela ainda ressalta desafios importantes para fornecer as vacinas no Brasil.