O Tesouro Nacional divulgou os números na quinta-feira: as contas do governo tiveram o melhor resultado no primeiro semestre desde 2013. As receitas superaram as despesas em R$ 56,5 bilhões. E arrecadação bate recordes mês a mês, puxada pelo Imposto de Renda e pelos tributos sobre o lucro das empresas. As receitas também foram turbinadas pela venda da Eletrobras e pelo aumento dos dividendos pagos pelas empresas estatais à União. Só a Petrobras repassou R$ 50 bilhões, dos quais R$ 32 bilhões foram anunciados na quinta-feira. Mas vem mais dinheiro por aí. O governo pediu aos bancos públicos e à petroleira que antecipem dividendos para tapar o buraco criado pela PEC eleitoral, a que garante o Auxílio Brasil de R$ 600 e outras benesses até dezembro com um gasto fora do teto de R$ 41,2 bilhões. Essa manobra tem sido vista por especialistas como uma pedalada, já que haverá mudança no calendário de pagamentos para sustentar as ações do governo em véspera de eleição. Isso sem contar que o próprio presidente Jair Bolsonaro é o principal porta-voz dos críticos aos lucros da Petrobras. No Ao Ponto desta sexta-feira, a economia Juliana Damasceno, especialista em contas públicas da consultoria Tendências, explica por qual razão essa antecipação de receitas das estatais pode ser chamada de pedalada e como essa alternativa agrava a chamada bomba fiscal prevista para o próximo ano.