Atualmente, o Brasil aplica, em média, um pouco mais de 500 mil doses diárias da vacina contra o novo coronavírus. Caso houvesse oferta, porém, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) conseguiria alcançar mais de 1,8 milhões de doses, de acordo com o médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina. Como faltam imunizantes, os brasileiros vão ficando cada vez mais para trás na comparação com a população de outros países. Pelo percentual de vacinados (6,04%), o Brasil está atrás de países como Uruguai, Argentina, Chile, Marrocos, Hungria e Turquia, sem contar os desenvolvidos, como Canadá, Estados Unidos e Israel. Já seria negativo se a pandemia estivesse administrável, mas não está. Na terça-feira, o país registrou, pela primeira vez, mais de 3 mil mortes em 24 horas. Enquanto isso, o cronograma de vacinação do Ministério da Saúde se notabiliza pelas previsões que não se confirmam. O último recuo ocorreu na terça-feira. A projeção para abril era de 57, 1 milhões de doses. Agora, são 47,3 milhões, dez milhões a menos. Como ocorre frequentemente, o governo apresenta projeções desatualizadas sobre entregas do Butantan ou da Fiocruz ou conta com vacinas novas, como a da Pfizer e da indiana Covaxin, cujas ofertas não batem com a planilha oficial. Diante dessas incertezas, o Ao Ponto desta quarta-feira conversa com dois especialistas em vacinação, que projetam o quadro no curto e no médio prazo e apontam os desafios para ampliar a imunização dos brasileiros. Gonzalo Vecina acredita que, já em abril, o país deve acompanhar um crescimento expressivo da aplicação de doses nas capitais e no interior. Já o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), entende que o país deve demorar um pouco mais para recuperar parte do atraso registrado nos primeiros meses de vacinação.