Uma menina de 10 anos de idade, grávida após ser estuprada pelo tio durante quatro anos, conseguiu ter a gestação interrompida nesta segunda-feira, num hospital do Recife. A gravidez foi descoberta no último dia 7, quando a criança foi atendida em um posto de saúde na cidade onde mora, São Mateus, no Espírito Santo. Mesmo com autorização da justiça, médicos do hospital universitário de Vitória se recusaram a realizar o aborto e a menina teve que ser transferida para Pernambuco, onde o procedimento foi realizado, apesar dos protestos de grupos religiosos. Quais são os limites do aborto legalizado no Brasil? Como deveria ser o procedimento em casos de estupro? Realizar a interrupção da gravidez de uma criança de 10 anos é a alternativa mais segura? Um médico pode se negar a realizar um aborto autorizado pela Justiça? Qual a realidade do acesso ao aborto legal num país onde, segundo dados oficiais, a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas? No Ao Ponto desta terça-feira conversamos com a repórter Leda Antunes e com o ginecologista Thomaz Gollop, coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto e professor titular da Faculdade de Medicina de Jundiaí.