Na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro classificou como ato de "rotina" a troca no comando da Petrobras, anunciada na noite de segunda-feira. Pode até ser rotineira, considerando que esta é a terceira mudança operada na companhia em um pouco mais de três de governo. Porém, a saída do general Silva e Luna e o convite para o economista Adriano Pires assumir o posto não é trivial, como Bolsonaro fez parecer na entrada do Palácio da Alvorada, em conversa com apoiadores. Na verdade, esse movimento ocorre em meio às pressões do Planalto para que, nesse ano de eleições, a companhia ajude a reduzir o preço na bomba ou mesmo segure reajustes, quando o preço sobe no mercado internacional, como ocorreu com o início da guerra na Ucrânia. E nada indica que Adriano Pires esteja disposto a mudar a política de preços, a mesma defendida pelos dois ex-presidentes militares que perderam o cargo. Adriano Pires é figura carimbada no setor de óleo e gás. Foi professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); comanda uma importante consultoria, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE); e já tem boa interlocução com o governo e o Congresso. Pires não só defende a atual política de preços como propõe mecanismos temporários para amortecer grandes saltos no preço, que envolvem, essencialmente, recursos do Tesouro. O mercado aprovou sua indicação, mas altos funcionários da companhia viram elementos de preocupação. No Ao Ponto desta quarta-feira, o repórter de Economia Manoel Ventura e com o jornalista Alvaro Gribel, da coluna da Miriam Leitão, explicam o que Bolsonaro espera de diferente do novo presidente da Petrobras em relação a seus antecessores e quais são os desafios para que Pires atenda aos desejos do Planalto. Eles também avaliam as reações do mercado e dentro da própria companhia.