A retomada das negociações presenciais entre russos e ucranianos, na terça-feira, na Turquia, não desfez o clima de desconfiança entre os atores envolvidos na tarefa de alcançar um cessar-fogo. O próprio presidente da Ucrânia, Vlodomir Zelensky, alertou que a "situação não se tornou mais fácil e a escala dos desafios não diminuiu. Por ora, a Rússia afirma que vai reduzir significativamente suas operações nos arredores de Kiev e de Chernihiv, ao Norte. A Ucrânia reafirmou o compromisso de não ingressar na Otan, propôs uma longa discussão sobre a ocupação da Crimeia e também a busca de um entendimento sobre a região separatista de Donbass. Também houve a promessa de um encontro entre Vladimir Putin e o presidente da Ucrânia. Mas, no dia seguinte às conversas na Turquia, os ataques continuaram perto da capital, o que só aumentou o ceticismo. Na verdade, as negociações também estão longe de definir, por exemplo, o que deve ocorrer ao leste da Ucrânia. No Ao Ponto desta quinta-feira, o repórter Filipe Barini analisa como os compromissos assumidos na atual rodada de negociações podem ser interpretados. O professor da ESPM Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional, também avalia até que ponto os russos desistiram da tomada de Kiev e quais são os riscos de que outras cidades ao Leste, além de Mariupol, sejam cercadas e fortemente bombardeadas.