No final de setembro, o governo chinês celebrava o início das festividades do tradicional feriado do Dia Nacional da República Popular da China. Mas, ao mesmo tempo, promovia, nas redes sociais, o "renascimento, com força e vitalidade" da cidade de Wuhan, que ficou conhecida no mundo como o marco zero da pandemia do novo coronavírus. No começo do ano, a metrópole de 11 milhões de pessoas, localizada no centro da China, fechou por 76 dias, de forma abrupta. Àquela altura, o vírus já havia seguido o próprio caminho. Porém, no epicentro da crise sanitária, as drásticas medidas de contenção neutralizaram a propagação da doença. Oficialmente, a China teve 4.742 mortes, 80% delas em Wuhan. O número de casos divulgado no país é de 92 mil e 500.No Ao Ponto desta terça-feira, o jornalista Marcelo Ninio, que passou seis dias em Wuhan e escreveu sobre a viagem na edição do último domingo do GLOBO, conta, da China, suas impressões a respeito da cidade marcada pela proliferação da doença. Ele relata como é o novo normal na metrópole e o que aconteceu com o mercado de animais vivos, que registrou o primeiro surto. Ninio também analisa como as autoridades fizeram do combate à pandemia um instrumento para fortalecer a imagem do governo de Pequim.