"As imagens de civis mortos nas ruas, e as covas improvisadas em Bucha são horríveis". A avaliação é da porta-voz do alto-comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, Liz Throssel, e sintetiza as fotografias que correm o mundo desde que as tropas russas abandonaram a cidade, nos arredores de Kiev, para concentrar os esforços de guerra no Leste da Ucrânia. A Ucrânia, a Otan e representantes das Nações Unidas acusam a Rússia de cometer crimes de guerra em Bucha e também em outras cidades mais distantes de Kiev. O presidente da Ucrânia Vlodomir Zelensky levou às Nações Unidas o relato de que tropas russas cometeram atrocidades contra a população civil. E foi rebatido pelo embaixador russo no Conselho de Segurança, que acusa nacionalistas ucranianos de matarem os civis. Mas, além das execuções e das covas rasas, fala-se em tortura e em estupros. E tudo isso está fora das convenções internacionais sobre o que é permitido durante um conflito armado. Esses limites ficaram consignados no tratado de Roma, assinado em 1998. E guiam o trabalho do Tribunal Penal Internacional, em funcionamento desde julho de 2002. No Ao Ponto desta quinta-feira, a ex-juíza do Tribunal Penal Internacional Sylvia Steiner, que já emitiu ordem de prisão contra o ex-presidente do Sudão, Omar al-Bashir, hoje preso em seu país, explica o que são considerados crimes de guerra e como o Tribunal Penal Internacional atua. Ela também avalia os obstáculos para que o presidente Vladmir Putin seja punido, caso ocorra uma investigação e a mesma conclua que o líder russo tenha cometido crimes de guerra.