Na quarta-feira, após encontro com os presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro reuniu duas informações que não batem. Primeiro, falou do direito e do dever do médico tratar pacientes de Covid com medicamentos usados para outras doenças, o chamado 'kit covid'. Segundos depois, ele reconheceu que é preciso dar atendimento adequado, já que "ainda não há remédio". Além da ineficácia comprovada cientificamente, a prescrição de drogas como ivermectina e hidroxicloroquina alerta profissionais que atuam nas UTIs pelos seus riscos à saúde. Médicos do Hospital das Clínicas da USP e do Hospital da Unicamp apontam que o uso indiscriminado desses medicamentos tem provocado graves lesões hepáticas, que demandam, inclusive, transplante de fígado. No Rio Grande do Sul, três pacientes, internados em estado grave, porém estáveis, morreram após nebulização com hidroxicloroquina, prescrita por uma médica que acabou demitida, conforme informou o jornal Zero Hora. Ainda assim, há muitos outros profissionais que seguem prescrevendo o chamado 'tratamento precoce', o que levou a Associação Médica Brasileira (AMB), com o apoio de 81 entidades, a publicar, esta semana, 'boletim extraordinário' recomendando o banimento do 'kit covid'. No Ao Ponto desta quinta-feira, o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor e chefe do departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), explica os perigos associados a remédios que a ciência já descartou e aponta as alternativas de terapia em estudo.