Em todo o Brasil, existem 64,5 milhões de hectares das chamadas terras públicas não destinadas, segundo o Serviço Florestal Brasileiro. Em sua maior parte, são vastas áreas de floresta, muitas deles encravadas no coração da Amazônia, pertencentes aos estados e à União. Em tese, elas deveriam servir ao uso sustentável do solo ou à conservação. Na prática, uma parcela expressiva dessas terras, que ocupam 7,5% de todo o território nacional, transformaram-se em alvo fácil da grilagem, com impacto direto sobre o desmatamento e as queimadas. Em 2020, 18 milhões de hectares dessas terras públicas, ou seja, 28% do total, estavam registrados como propriedade privada no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), ou seja, foram ocupadas ilegalmente. Desse total, quase a metade (49%) pertencem a grandes propriedades, com produção de gado e corte ilegal de madeira de lei. E, apesar dessas áreas serem rastreadas por meio do Sicar e de imagens de satélite, as atividades ilegais são estimuladas pela falta de fiscalização. No Ao Ponto desta segunda-feira, episódio que integra o projeto "Um Só Planeta", a diretora de ciência da Organização The Nature Conservancy, Edenise Garcia, explica como o avanço de grileiros nas terras públicas prevalece no coração da Amazônia e quais são as alternativas para o uso sustentável destas terras públicas.