Na quarta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu o tom do descontentamento dos parlamentares com o Palácio do Planalto. E Lira apertou o "sinal amarelo", depois de um encontro com os demais chefes de poderes que serviria, em tese, para buscar unidade contra a pandemia. Uma reunião que acabou revelando a distância entre a agenda do governo e a do Congresso para enfrentar a crise, que tem efeito direto sobre a popularidade do presidente e dos parlamentares. Segundo aliados, o presidente Jair Bolsonaro ficou contrariado com o tom discurso, embora tenha reconhecido que Lira precisava marcar posição, após a médica Ludhmila Hajjar, indicação do deputado, ser descartada para o Ministério da Saúde. Mas o presidente, nem de longe, abriu mão da relação com seu mais importante aliado no Congresso. Pelo contrário: na manhã de quinta-feira, mandou o ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pressionado para deixar o posto, prestar esclarecimento a Lira sobre o papel do Itamaraty na aquisição de vacinas. Depois, o próprio Bolsonaro recebeu o presidente da Câmara para uma conversa privada, com a intenção de selar a paz. No Ao Ponto desta sexta-feira, os jornalistas Natália Portinari e Marco Grilo explicam em que ponto estão as relações entre Bolsonaro e Lira e quais são os principais temas que fragilizam a relação do governo com o Centrão.