Após 66 dias sem dar declarações polêmicas, o presidente Jair Bolsonaro reagiu com uma ameaça, no último domingo, ao ser perguntado pelo GLOBO sobre os repasses feitos pelo ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz e sua mulher, Márcia de Aguiar, à primeira-dama Michelle Bolsonaro. Disse que tinha vontade de encher a boca do repórter com uma porrada. No total, foram R$ 89 mil, entre 2011 e 2016, sempre em cheques. As primeiras informações sobre a existência desses cheques surgiram em 2018, num relatório de inteligência do Coaf. Na época, Bolsonaro disse que seria o pagamento de um empréstimo de R$ 40 mil, valor bem inferior ao descoberto, posteriormente, pelas investigações sobre o escândalo das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O questionamento e a resposta em tom de ameaça tiveram ampla repercussão nas redes sociais. Apenas no Twitter, foram registradas mais de 1 milhão de postagens a respeito do assunto, em 24 horas. Além das cobranças por explicações do presidente, ele mesmo, aliados, e seu filho Carlos divulgaram um vídeo, com legendas falsas, insinuando que Bolsonaro reagiu a uma ofensa. No Ao Ponto desta terça-feira, a repórter Juliana Dal Piva conta o que já se sabe sobre os repasses feitos por Queiroz e sua mulher à primeira-dama. O diretor da sucursal de Brasília, Paulo Celso Pereira, analisa a retomada do tom agressivo do presidente contra os jornalistas e seu impacto político.