Cerca de um mês após o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil, a falta de vacinas fez com que algumas cidades anunciassem uma paralisação temporária da aplicação da primeira dose em grupos prioritários. A escassez é enfrentada em ao menos sete capitais, como Salvador, Rio de Janeiro e Cuiabá, onde as aplicações foram interrompidas ou podem parar em breve. Diante deste cenário, a pressão política sobre o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, só aumenta. Na última quarta-feira, os governadores cobraram uma ação do ministro, que anunciou como resposta um cronograma para distribuir, até julho, 230 milhões de doses. Segundo Pazuello, os novos lotes devem ser entregues aos estados a partir do dia 23 de fevereiro, em um calendário que estabeleceu 77 milhões de brasileiros no grupo prioritário. Entretanto, o cronograma oficial já foi "quebrado", um dia depois de seu anúncio, nas palavras do próprio ministério. A previsão de entregar 9,2 milhões doses da CoronaVac, ainda este mês, foi modificada. Agora, o Ministério da Saúde promete entregar apenas 30% desse volume e culpa o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, pelo atraso. Porém, o próprio Butantan já havia informado, na própria quarta-feira, que seu planejamento não contemplava o número de doses anunciado pelo governo federal. No Ao Ponto desta sexta-feira, a repórter da sucursal de Brasília Paula Ferreira e a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do programa Nacional de Imunizações (PNI), explicam os detalhes do cronograma e suas dificuldades de implementação.