Em abril, o governo federal anunciava números grandiosos para o programa de testagem do Brasil. A meta era aplicar, até dezembro, 24,6 milhões testes moleculares, conhecidos pela sigla PCR, para identificar doentes e rastrear sua rede de contatos. Porém, a promessa ficou longe de ser cumprida e, como revelou o jornal "O Estado de S. Paulo", quase sete milhões de kits, que efetivamente chegaram, continuam armazenados, sob custódia do Ministério da Saúde. Agora, União, estados e municípios correm para se eximir de responsabilidade e identificar um meio para usar esses kits, antes do fim do prazo de validade.O caso dos testes represados, no entanto, é o sintoma de um problema maior: as deficiências sistêmicas do programa de testagem, justamente no período que a pandemia ganha força em vários estados. No Ao Ponto desta quarta-feira, a repórter Renata Mariz e o infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, explicam por que a política de testes não teve sucesso no Brasil e apontam as alternativas que ainda existem para tentar reverter o quadro atual.