Às vésperas do Carnaval, na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro assinou quatro novos decretos que ampliaram a permissão para a posse e o porte de armas e flexibilizaram o controle das munições, inclusive daquelas de grosso calibre. Parlamentares, inclusive aliados do Planalto, e especialistas em segurança pública, porém, consideraram a decisão controversa, tanto pela forma quanto pelo conteúdo. Em uma frente, contestam o uso de decreto para mudanças que deveriam ocorrer no Congresso Nacional. Em outra, atacam a falta de embasamento técnico para essas mudanças que, na opinião de especialistas, podem ser benéficas para o crime organizado e dificultar a investigação de mortes por arma de fogo. Entre as alterações, um cidadão comum fica autorizado a portar duas armas e comprar até seis, contra quatro da norma anterior. Atiradores esportivos ganham aval para adquirir 60, além da flexibilização de normas relacionadas à compra e a recarga de munições. Modificações polêmicas que ocorrem em um contexto de aumento do número de mortes por arma de fogo e já diante de uma elevação inédita do número de armamentos legais em circulação no país, como revelou O GLOBO no final de janeiro. No Ao Ponto desta quarta-feira, a diretora-executiva do Instituto Igarapé, Ilona Szabó, e a repórter Jussara Soares, da sucursal de Brasília, apontam os riscos associados aos novos decretos sobre armas e munições e projetam as reações no Congresso e no Supremo Tribunal Federal.