No início da tarde do dia 18 de fevereiro, uma quinta-feira, o mercado acompanhava mais um anúncio de reajuste no preço dos combustíveis. Para os investidores, era sinal de que a companhia seguia firme em sua política de preços, que acompanha as oscilações do mercado internacional. Mas o presidente Jair Bolsonaro ficou contrariado. No mesmo dia, reuniu-se com seus principais ministros da área econômica e discutiu o assunto. A reunião terminou às 17h15. Até aquele momento, ninguém sabia dos detalhes do encontro, que só viriam a público mais tarde, às 19h, na live semanal de Bolsonaro, na qual sinalizou que o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, poderia perder o cargo. O problema é que antes da live, e só 20 minutos após o término da reunião no Palácio do Planalto, alguém, subitamente, resolveu apostar numa queda brutal do preço das ações da estatal, por meio de uma transação chamada de opção de venda. É como se esse investidor já soubesse que o governo adotaria medidas que teriam reflexo negativo sobre as ações da Petrobras, antes mesmo de o presidente tornar o fato público. Essa aposta pode ter alcançado um lucro de R$ 18 milhões, ou seja, da ordem de 11.125% em relação ao montante aplicado, de R$ 160 mil. O caso foi descoberto pela jornalista Malu Gaspar e provocou reações entre os acionistas, dentro e fora do Brasil. E também pôs em alerta o órgão que regula o mercado de capitais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A suspeita é que alguém teve informação privilegiada, o que é crime. No Ao Ponto desta quinta-feira. a colunista do GLOBO Malu Gaspar explica o caso e conta os bastidores dessa apuração. O repórter Bruno Rosa também participa desse episódio e revela de que forma conselheiros e diretores da Petrobras avaliaram as suspeitas relacionadas à negociação da ações da empresa.