Os ingleses passaram os últimos três meses sob severas restrições de circulação, após o agravamento da pandemia em janeiro, na esteira da disseminação da chamada variante britânica do novo coronavírus. Porém, a situação atual no Reino Unido é tão diferente que o primeiro ministro Boris Johnson se permitiu uma pitada de humor para dizer que pretende tomar uma cerveja em um pub, com cautela, nesta segunda-feira (12). A promessa de Johnson é fruto da retomada gradual das atividades no país, que tem uma nova etapa, com a reabertura das áreas externas de bares e restaurantes, e ocorre após a melhora nos números da pandemia, em especial da queda expressiva do número de mortes. Até poucos dias, os cientistas estudavam se redução de óbitos decorria apenas do lockdown, ou se também já era reflexo do rápido avanço do programa de vacinação. Um estudo do Imperial College de Londres revelou que o descolamento entre o número de casos e de mortes já é, sim, resultado do plano de imunização, que veio acompanhado das medidas restritivas, do programa de testagem e, principalmente, do uso inteligente do sequenciamento genético para rastrear casos e o avanço de novas variantes. No Ao Ponto desta segunda-feira, a jornalista Vivian Oswald e a infectologista Ana Luiza Gibertoni, pesquisadora da Universidade de Oxford e médica do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, contam como os ingleses passaram de quase 1,4 mil mortes, em um único dia em janeiro, para menos de menos de 30 óbitos diários em abril. Gibertoni ainda explica de que forma a experiência inglesa pode servir ao Brasil, que já contabiliza mais 350 mil mortes pela doença.